É o oitavo teste integrado daquele que é o maior e mais potente lançador já construído. Com 122 metros (contando os dois estágios), ele superou o Saturn V (responsável por levar a humanidade à Lua no século passado), tanto em altura como em empuxo.
E desta vez a empresa espera todos os objetivos que acabaram não sendo realizados no teste anterior, que terminou abruptamente em 16 de janeiro quando o segundo estágio explodiu sobre o mar do Caribe, minutos após o lançamento.
A investigação realizada pela SpaceX indicou que naquela ocasião houve vazamento de propelente numa estrutura interna do foguete entre o tanque de oxigênio líquido e a traseira que a empresa chama de “sótão”. Isso por sua vez causou incêndios que levaram os motores a desligarem, um a um, processo seguido pela perda de comunicação e a autodestruição do veículo.
A razão provável para esse problema foi uma vibração excessiva produzida por ressonância pelo acionamento dos motores, algo que não havia sido observado antes nos testes em solo. Para solucionar, a companhia realizou um teste estático de 60 segundos dos motores antes do voo, além de adicionar elementos para conter potenciais incêndios no sótão e reprogramar o modo de acendimento dos motores para evitar o padrão de ressonância que parece ter condenado o voo anterior.
Caso tudo dê certo, a SpaceX deve ficar mais próxima de poder realizar o primeiro voo orbital do veículo e usá-lo para colocar satélites em órbita. Por sinal, a mais recente autorização da FAA (agência que regula aviação civil e lançamentos comerciais de foguetes nos EUA) já prevê liberação para futuras missões orbitais.
O voo desta segunda, a exemplo dos anteriores, foi “quase orbital” -um trajeto suborbital que permite que o segundo estágio dê mais de meia volta ao redor do globo antes de reentrar na atmosfera, sobre o oceano Índico.
O QUE FALTAVA
Os planos da SpaceX para este voo são de realizar os testes que acabou impedida de fazer em janeiro: liberar no espaço quatro simulacros de satélites Starlink e realizar o rápido acendimento de um dos motores do segundo estágio, validando seu funcionamento -trata-se de um dos itens essenciais para o uso do Starship para lançamentos orbitais, mesmo sem pensar na reutilização do veículo.
O voo deve concluir com a reentrada atmosférica e um pouso no oceano Índico, apenas como teste da manobra, sem perspectiva de recuperação. A SpaceX espera demonstrar a capacidade de recuperar o segundo estágio ainda neste ano, além de realizar vários voos completos do superfoguete, ajudando a validar o veículo para operações comerciais.
O QUE VEM AÍ
Além de ser escalado para lançar satélites da constelação Starlink, o Starship já está contratado pela Nasa para levar astronautas à superfície da Lua na missão Artemis 3, marcada para 2027.
Há, contudo, suspeitas de que o programa possa ser reformulado pela administração Trump. Elon Musk, dono da SpaceX e braço-direito do presidente, vem sugerindo que a agência espacial deveria voltar suas atenções para Marte.
O Starship, por sinal, foi projetado e construído -antes mesmo de virar parte da arquitetura de exploração lunar da Nasa- para promover a colonização do planeta vermelho. Não é impossível que os planos privados de Musk se tornem política pública dos EUA nos próximos meses.
O mais certo é que veremos, nesse mesmo período, uma aceleração da frequência de voos do Starship. A FAA, que costuma jogar duro no licenciamento dos testes, foi notoriamente rápida para este oitavo voo, autorizando uma nova missão antes mesmo de terminar sua investigação sobre o lançamento anterior, que terminou em milhares de pedaços sobre as águas caribenhas.